O Sonho

Voamos,
Ao encontro da vida.
Voamos,
Ao encontro do outro.

Voamos,
Porque sem ti não sou nada
Mais que um espelho vazio

Uma memória sem sentido
Não sentida,
Não pensada,
Caída
No espaço aberto,
Vazio.

Deixada,
Ao sabor do Vento e
Das Marés.

Sentida,
Como todas as coisas
Com todos os sabores.

Sabor a carne, limão e dente,
Sabor a mar, a alforges e viagens.
Sabores a cavalos de sela curta,
A paisagens omnipotentes de verde
A mares onde o azul não anoitece.

Sem ti,
Sem ti...
Não sou nada mais que uma
Vaga perdida no Oceano,
À espera
De Ti,
À espera
Que me preenchas
Este vazio que me falta
Esta vontade de ser maior.

Este desejo de ti.

Do teu sexo,
Do teu interior.

Vamos unir os corações
E na cama os corpos,
Vamos deixar os olhares sorrir
E os risos cantar
Vamos fazer amor até o Sol raiar...

E, nas pernas entrelaçadas e húmidas,
No ventre inchado e de cheiro a mel,
Nos olhares fatigados do amor que custa a vir,
Espalhado pelo corpo e pela água que dele escorre,
Entre o calor dos lençóis e a lareira dos olhares,
Entre os nossos dois amores,
Bate um só coração
Dois corações,
Um coração.
Um coração.
Um coração.

E nesses olhares já unidos,
Perdemo-nos do espaço e do tempo,
Que já pouco nos dizem,
Que já pouco nos querem,
Que já pouco nos prendem
As mentes voadoras
...

Dás-te e eu dou-me
Às asas que nos trarão de volta
Ao céu.

Dás-me e eu dou-te
As asas que nos levarão de volta
Ao Inferno.