Preso

E a situação, impossível, ficou...

Nestes mares brilhantes de sol,
Nestes dias cobertos pela tempestade,

Ouço essa voz que me chama,
Desse lugar, o centro do mundo.

Desde sempre, pequeno, criança,
Perguntei...
Qual o sentido da Vida?
Quero saber de onde vim e para onde vou.

E todas as coisas aparecem
como
Fugas.
Ídolos criados pelo medo,
para escapar ao medo
de um mundo sem sentido.

Mas não faz sentido que o mundo não tenha um sentido
qualquer.
Afinal, estamos aqui,
O Mistério é esse
E tudo aquilo que desejamos,
Sentimos, Queremos
Amamos.
O prazer pela Dor,
O desprezo pelo desmembramento
O Sofrimento com a morte...

Não compreendo,
Quem compreende?

Esse impulso que rege a vida
e a rega de vigor
enchendo tudo de orgasmos
Do Masculino e do Feminino

Do Jardim e do Jardineiro
do sexo molhado, dos seios
do Pénis, das Mãos,
De uma Viagem
Por entre Nós,
Eu e Tu
Tu e Eu
Mexidos
Confundidos
Ligados
Sem princípio
Sem fim
Um só olhar
Tu
Tu...

Viver é isto
Poder
e
Beleza!!

Criatividade e
Vontade.

Tudo muda
Tudo morre
Tudo acontece.

Quanto vale uma hora de tempo?
Quanto vale um acto?
O que acontece além dele?

Não percebo como pode um acto valer por si mesmo.
Se é isso então estou enganado
Porque eu não vejo nele qualquer valor.

Para haver valor é preciso objectivos
E para isso Amor.
Mas o Amor só existe na Vida
Portanto é preciso Vida para haver Valor.
Um acto só tem valor para um ser vivo.
Mas os seres vivos morrem
E se o que fica ou o que causou
É ele próprio inerte
Então tudo tem nenhum valor.

Estou cansado.
Estes pensamentos cansam-me
Este mundo cansa-me
Esta realidade não é para mim.

Que se lixe o sem sentido
e o com-sentido
É tudo a mesma merda.

Eu sei o que quero.
Eu sei o que quero.
Eu sei o que quero.
Eu sei o que quero.
Eu sei o que quero.

Eu quero o
'Fim do Mundo'
o
Fim do Espaço
o
Fim do Tempo
o
Fim da Vida.

Eu quero o Portal
Que dá lugar ao outro lado.
Eu quero-me fundir no teu olhar.

Serão palavras ocas?
Um sonho estéril?
Ou serão verdadeiramente os teus lábios
Como vinhas,
Os teus seios
Como montes cor de alvor,
Os teus cabelos como as Florestas de Israel?

Quem amo eu em ti?
Nesse olhar que atravessa o espaço e o tempo
e o trespassa o espaço
finda o tempo.

De onde vens tu?
De onde trazes esse olhar?
Como o transportas neste mundo
De pedra e osso?

Vem e deixa-me amar-te
Infinitamente
Ternamente
Sem ter fim.

O nosso Amor é maior que todas as épocas
Que todas as matérias
Que todos os poderes.
Ele é o princípio e o fim
da cor
do som
da vida
e da morte.

Sem ti não há paz
Só Aventura


Se tu estivesses bem
Se tivesse a certeza absoluta que tu estavas bem
Poderia viver a Aventura de viver
Em vez de pensar em dar-te a morte mais doce.

Se tivesse a certeza absoluta que estavas bem
Que não querias o fim
do Espaço
o fim
do Tempo
Então poderia desfrutar do tempo e do espaço
com outras pessoas.

E beber dos rios e das montanhas os néctares
que o tempo soube inventar.

O que esperas
O que queres?
Não te posso impor uma solução
Tal como não te posso fazer sofrer.

É preciso que saiba que estás bem.
É preciso conversarmos.

Seria tudo tão diferente se fossemos nós?
É isso que de facto queremos?, a invenção
de uma nova linguagem?,
necessária para dizer o amor.

O meu coração chama por ti
Chamará sempre por ti.
Mas por outro lado não quero a morte.
Em parte, só em parte,
Ainda gosto da vida e da imperfeição.
Atrai-me o tempo e o espaço
A maravilhosa alegria e poder da criação
As possibilidades e os espaços que eles abrem
Da dúvida, da conquista, da crença
da Superação. O medo de cair no "Pecado"
E a capacidade de não escorregar.
Um jogo de crianças
Umas férias no mundo do faz-de-conta.
Um divertimento de reis.
Mas como vês tu as coisas?
Não estejas mal por favor.
Não esperes pelo príncipe encantado
Que só eu poderei ser.

Queres-me?

É uma situação impossível...

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