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Sem Tempo
"Mas aí, no lugar sem lugar, no tempo sem tempo, no agora de tudo o que foi, é, e será, aí, onde todos os tempos se resumem a um ponto, onde o Universo se encontra todo e desaparece, aí, aí, aí, aí; encontrarei o amor perdido, e numa dança, num abraço, num olhar, cantaremos para sempre: UM, Um, um, um......
E nesse olhar, espelhado, criador, encontraremos todas as faces, todas as visões, todas as descobertas, alguma vez feitas, alguma vez imaginadas, alguma vez suspeitadas: nessa reciprocidade do olhar desfrutura não um universo mas mil milhares de universos, cada um com todo o tempo e todos os locais e todos os desejos e locais e acontecimentos de que um universo é feito. Dá-me esse olhar, quero esse olhar, complemento do meu! QUERO-O. QUERO, QUERO, QUERO.
Para que o mundo se destrua e se volte a inventar e renasça de novo mil milhares de vezes, e seja fruto do amor."
"Mas, sendo nós próprios, continua a faltar-nos qualquer coisa.
A ideia da complementariedade parte deste suposto de que nos falta qualquer coisa que não pode ser alcançada por habilidade porque ela consiste em trocar qualquer coisa. Ao contrário das outras coisas em que se dá ou recebe um treino para nós próprios aprendermos a ser nós próprios, no outro caso trata-se de uma troca em sentido literal. Uma complementariedade de "substâncias" (se quisermos). O que quero dizer é que, não se trata de aprender a fazer algo com o que temos, não se trata de software mas sim de hardware (o que quer que isto seja).
Quando a troca se dá ficamos plenos, o mundo acaba (no sentido em que já não vemos nele a nossa missão ou objetivo principal) e o tempo também (aprendemos que já não nos satisfazemos com habilidades, portanto o tempo não nos pode ajudar). Num certo sentido ficamos cá, a vida continua com a normalidade de sempre. O que se passa lá fora mantém-se mas o interior ficou radicalmente alterado. O nosso centro deslocou-se e situa-se agora algures entre "Ele" e "Ela". A vida acabou aqui, ou começou. Seja como for, os acontecimentos exteriores deixam de ter importância. Os filhos, os amigos, os acontecimentos sociais e outros, são agora vistos como um filme, como fotogramas de um filme, que se observa de dentro de uma redoma, quentinha, azul bébé, de portas abertas, onde se pode estar dentro ou fora. Onde o mundo interior se tornou, num sentido qualquer, imortal."
"Só há uma forma de Amor verdadeiro: o fim do tempo, o fim do espaço, o fim da vida. Quando encontramos isso temos tudo, e a vida ou a morte já não nos podem afectar. Não existimos, ultrapassámos a própria existência. É isto o Amor: o Encontro."