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Sobre a postura... Podemos pensar na postura física como um combate entre os interesses dos músculos e do esqueleto. Enquanto os músculos gostariam de estar inteiramente descontraídos, e o esqueleto quebra-se sob o peso da gravidade.
Da mesma forma, o prazer de nada fazer (tão importante) opõe-se ao prazer de criar, e nosso projecto de vida / o nosso caminho cai sobre o peso do caos, dos afazeres por fazer e da vida que se deixa para trás na repetição do “sempre o mesmo”…
Quando começamos a treinar, seja natação ou na tacinha, descobre-se o prazer da força física. Dançar, cantar, não, não é um trabalho… É um exercício de descoberta, exploração, expressão… e voltamos a ser como a criança capaz de correr 6h por dia atrás das mais pequenas coisas sem nunca se cansar…
Vamos descobrindo assim a nova pose do esqueleto, que já não se apoia, não é um peso morto para os músculos, mas que brinca com eles, apoiam-se um no outro, para fazerem uma dança visível, de algo que está muito para lá do visível…
Assim também na vida, o prazer de criar, de viver, apoia-se nas pequenas contrariedades, do tem de ser… tal como a força precisa de um esqueleto, também o prazer líquido de criar precisa de desafios reais, de pessoas e situações, para se poder mostrar…
Deixou de se tornar num combate, para se tornar numa simbiose…