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(este é um bocado vertiginoso ^_^)
Olhei a Flor e ela disse Adeus
Ou fui eu que disse? Já não sei…
É tudo confuso no mundo faz-de-conta
Um mundo de pedras e mar e girassóis,
Um mundo onde existes tu e eu e mais alguém…
Alguém de quem não se sabe o nome, e nunca se saberá,
Alguém que fica escondido entre as trevas e as pontes
Entre os vastos matagais de flores e ervas daninhas…
Mas eu falei à Flor e ela disse-me Adeus
Olhou-me com um ar como quem estivesse a sorrir
Ou seria eu que estava a sorrir
E não me dei conta? Seria eu ou ela o espelho um do outro?
Seria a estrela lá no fundo, a milhões de anos luz, o espelho de ambos?
Sorriria ela também???
Não sei, neste mundo de faz de conta, tudo é confuso e mirabolante
Hoje sorri-te e tu sorriste também, duas máquinas olhando uma para a outra,
Reproduzindo-se, espelhando-se, discutindo, vivendo e morrendo
Como gotas de água que passam por uma cascata.
Será assim noutros planetas?
Quantos universos haverá
Em que dois olhos se perguntam
Olhando em direcções opostas
«Quem é ele e como chegou?»
Pois, hoje olhei para uma flor e ela sorriu-me e disse-me assim:
“Tu és eu e eu sou tu!”
Duas ondas no mesmo mar,
Duas imagens enfeitiçadas
Dois sonhos vogando ao vento
Feito de papel e sombras
Eu sou eu e tu és tu
Mas tu e eu somos um!
Hoje vi uma flor
E disse-lhe,
Eu sou eu e tu és tu, mas eu e tu somos um
E ela sorriu-me
À minha volta disseram-me – estás louco
E eu disse – eu sei
A vida é louca,
As gaivotas não sabem porque voam e o mar não sabe porque bate contra a areia da praia
Nem o rio sabe porque corre contra o mar.
Somos todos loucos,
Nem vocês sabem porque falam
Porque querem o que querem,
Porque desejam alcançar
A felicidade, o amor
A transcendência
Vogamos, inconscientes, num universo sem fim
Somos todos loucos
Por isso podem prender-me, amarrar-me, fechar-me num caixa
A minha vida estará lá fora
Num tempo sem fim
E o meu olhar espraia-se pelo mundo
Porque eu sou todas as plantas e todos os animais e todas as estrelas
E não sou nada disso
Sou apenas eu, e não estou aqui
Vejo as minhas mãos movendo-se sobre o teclado
O corpo tentando encontrar uma maneira de tocar o infinito
De preservar o que a mente não consegue alcançar
Mas não dá. Nenhuma palavra, nenhuma tecla
Nenhuma sequência de palavras
Consegue captar nem este momento
Nem nenhum momento, e nunca conseguiu.
Nenhuma parte do meu corpo o capta,
Só tu minha florzinha, em conjugação com ele,
Tens conversas interessantes
E captas que na realidade
Eu sou tu e tu és eu
Na noite infinita do tempo
Na viagem do Ser
Demos as mãos e rejubilemos
Somos doidos e sabemos!!
p.